Os primeiros passos na criação da cultura de Engajamento em pequenas e médias empresas
Normalmente artigos como esse começam com estatísticas fulminantes de alguma BigTech do vale do Silício, algo tão distante da maioria das pequenas e médias empresas quanto… alguma BigTech do Vale do Silício.
Então vamos olhar alguns números para entender como uma cultura de Engajamento impacta os resultados de uma empresa. (Mas atenção! Estes números não são de alguma empresa distante, são de clientes nossos, com dados agrupados e reprocessados no DataClima, o estudo anual sobre engajamento e clima, com mais de 600 mil respondentes).
Uma definição inicial: chamaremos um colaborador com alto engajamento de PRIME, isto é totalmente conectado, entregando mais do que o contratado, planejando seu futuro ali e com um vínculo emocional com o local onde trabalha. na sequência vem os Favoráveis, os Vulneráveis, os Desconectados e os Alto Risco, assim terminando o espectro do engajamento, do maior até o menor.
Veja que números interessantes:
· Um colaborador engajado se interessa mais em crescer profissionalmente, pois fazem 65% a mais de treinamentos facultativos e eletivos que os colaboradores desengajados.
· Numa pesquisa realizada com mais de 200 lojas do varejo, aquelas com melhor clima organizacional têm em média resultados de vendas 5,6% maiores que as de menor indicador de clima.
· Um colaborador desengajado (Alto Risco) tem 2,7 vezes mais chance de ter uma falta injustificada que um engajado (Prime).
· Quanto maior o engajamento dos colaboradores de lojas de varejo, maior a satisfação de seus clientes na pesquisa pós compra.
Mas como criar isso?
Para criar uma cultura de engajamento na sua empresa, a primeira coisa a fazer é QUERER!
O principal gestor da empresa tem que QUERER! Sem isso, esqueça, não há programa no mundo que promova uma mudança cultural.
Mas não é só. Projetos de mudança falham por vários motivos, mas três causas sempre estão presentes nos projetos frustrados de implementação de mudanças. São elas:
Falta de visão clara do futuro desejado.
Todas as pessoas querem e precisam saber o porquê da mudança, para onde a organização está indo, quais serão os caminhos para se chegar até lá́ e principalmente, qual é o papel de cada uma delas nessa jornada.
Falta de um plano de ativação.
A ativação é um pouco mais que comunicação, é comunicação + implementação, pois não basta apenas o desejo dos principais gestores e um bom .ppt junto com um discurso motivador, é necessário investir em explicações e atualizações contínuas.
Falta de engajamento dos colaboradores.
Os tempos realmente são outros. Ninguém mais quer ver o gestor mandar ou apenas direcionar. As pessoas precisam fazer parte, estar engajadas na implementação e na ativação da estratégia, pois assim eles ficam mais propensos a apoiar e julgar positiva a mudança. É o efeito Ikea. (Leia aqui um pequeno artigo sobre o efeito Ikea).
E se a condição do principal gestor QUERER foi atendida, aí vem a parte onde se gasta saliva e cérebro. Para desenhar a cultura desejada, ou seja, uma cultura de engajamento, precisamos identificar quais comportamentos e atitudes que vão direcionar a empresa para o sucesso e que queremos perceber e viver de maneira concreta e depois ativar esses comportamentos no dia a dia.
E é fundamental que sejam comportamentos e atitudes definidas, nada do tipo: Agarrar a camisa, jogar pelo time, suar sangue, e outras generalidades. Seja o mais específico possível. Por exemplo, fica muito mais claro eu dizer que é importante: “ser participativo e contributivo em todas as reuniões das quais participar”, do que dizer que ele tem que “ter atitude de dono”.
Desenhada a cultura, faça os comportamentos aparecerem e se multiplicarem de três maneiras: criando ritos, ativando-os via comunicação e dando o exemplo. É nessa última que normalmente o caldo entorna, pois o principal gestor de uma pequena ou média empresa tem sobre si uma carga enorme pois, pessoa e empresa estão muito próximos e a tendência de se retornar aos comportamentos anteriores é muito grande e ele precisa se policiar muito para isso não acontecer.
Mas vamos dizer que o principal líder está mantendo firme seu propósito da mudança, como faremos para ativar os comportamentos então?
1. Comunicando.
Fale o tempo todo disso, em todas as ocasiões, em todas as conversas com gestores, reforce o que se espera dos gestores e reconheça publicamente as manifestações que estão alinhadas à nova cultura.
E você deve usar todas as formas possíveis de se comunicar, que tem a ver com o jeitão de sua empresa, como por exemplo: e-mail, folder, apresentações, PDFs interativos, vídeos, e-learning, FAQs, Palavra do presidente, podcasts, cartazes, reuniões de equipes, Town-hall, e tudo o mais que lhe venha à mente.
A pessoas precisam conhecer o PORQUÊ da mudança, onde vão chegar com ela e principalmente, o que ganharão com ela.
2. Criando ritos, experiências e treinando.
Uma coisa é certa, a maioria das pessoas não quer parar de fazer o que está fazendo para começar a fazer diferente, logo, elas precisarão de um empurrãozinho ou de uma alavanca para movê-las do estado atual para o estado desejado. Essa alavanca é o treinamento. Ele vai mostrar como fazer as coisas novas, como perceber valor nos comportamentos e atitudes e, principalmente, mostrar os ritos de replicação da cultura para todos, de forma clara.
Isso pode ser feito através de workshops, Mapas mentais criados em conjunto, jogos corporativos, demonstrações, e-learnings, onboarding, mentorias, hackathons, histórias de sucesso, guias de referência, playbooks ou cartilhas e muitas outras maneiras.
3. Mantendo a roda girando.
Como já disse um sábio algum dia, a Cultura é o sistema operacional da empresa e sistemas operacionais sempre precisam de atualização e manutenção. Sim! Pois pessoas diferentes entram na empresa, novos players aparecem no mercado, novas tecnologias desafiam nossos produtos e precisamos manter a cultura permeando tudo isso. E para fazer isso, precisamos estar no meio do caminho entre o flexível e o rígido. Nem de mais, nem de menos, pois correríamos o perigo de nos apaixonarmos pela nossa cultura (nunca faça isso!) ou mudarmos o tempo todo.
Para fazer isso, a empresa pode usar de: reuniões de alinhamento, congresso anual da cultura, Banners, cartazes, fórum de melhores práticas, premiações, coaching de gestores, pesquisas específicas, fale com o presidente, jogos corporativos, palestras de expoentes da cultura que implementou e tantas outras atividades.
Líderes de pequenas e médias empresas têm menos recursos, menos glamour e uma possibilidade grande de perder um colaborador para uma empresa grande, logo, precisam trabalhar aquelas dimensões do engajamento onde têm vantagem sobre as grandes: Autonomia e Pertencimento. As grandes empresas conseguem trabalhar mais eficazmente o Desenvolvimento e o Significado. É do jogo, então vamos jogar! Crie e promova uma cultura que valorize a autonomia, o desprendimento, a delegação por parte dos gestores, o senso de pertencer a algum lugar especial, que impacta de uma maneira especial os clientes, as famílias dos colaboradores e a sociedade. Isso é cultura de engajamento.
Em resumo: Faça onboarding de verdade, desenvolva, treine, dê autonomia, reconheça, envolva, peça opinião, deixe a turma brilhar. Todo mundo quer trabalhar em uma empresa assim. Mesmo pequena.
Quer conversar um pouco mais sobre o assunto. Vai ser um prazer!
Abraço,
Alvaro Mello
O Case Odontoprev. Gestão de clima não é mágica, é propósito.
É com orgulho que compartilhamos com você leitor, mais um case de sucesso de gestão de clima em nossos clientes. Desta vez, falamos da Odontoprev, nossa parceira na gestão de engajamento e clima há 4 anos.
Sempre conquistando ótimos resultados nas pesquisas realizadas anualmente, em 2020 a Odontoprev se destacou mais uma vez. Sabemos que quanto maiores são os indicadores de clima e engajamento, mais desafiador é o esforço para aumentá-los, mas a Gestão comandada pelo Presidente Rodrigo Bacellar e pela Diretora de RH Rose Gabay não se intimidou, e eles alcançaram um desempenho excelente no aumento dos indicadores.
Neste bate-papo com Rose Gabay, ela compartilha conosco os pontos chave de sucesso desse trabalho, vale muito a pena conferir.
CM: Rose, gostaria que nos contasse um pouco sobre a Odontoprev.
Rose Gabay: A Odontoprev tem hoje 2200 colaboradores em 33 anos de existência. Foi fundada por dentistas especialistas e empreendedores em um período em que planos odontológicos não eram comuns no Brasil. E em 10 anos após a sua fundação, já era líder de mercado, com crescimento de suas redes, de atendimento. Em 2006 teve seu capital aberto e fez algumas aquisições, comprou 8 empresas em diversos estados. A Odontoprev sempre se preocupou com as pessoas, mas a partir deste momento, aumentou ainda mais a necessidade de trabalhar com um time integrado, caso contrário, haveria um risco para o negócio.
CM: A Odontoprev sempre teve resultados muito bons nas pesquisas de engajamento e clima e em 2020 vocês conseguiram aumentar mais ainda estes números, com um aumento de 6 pontos percentuais no Brasil e 15 ponto no México. Qual a filosofia por trás desse sucesso?
Rose Gabay: Olha, eu acredito que olhar para o sucesso é olhar o filme e não somente para a foto. Desde o início, os fundadores da Odontoprev sempre foram atentos aos valores, à missão, a saberem onde queriam chegar, e o engajamento e o clima sempre foram colocados como prioridade. O tema está na agenda da Diretoria e todos se ocupam e preocupam com isso. É um tema que faz parte da pauta de todas as reuniões. Além disso, o próprio Conselho tem uma atenção grande para o tema, fazem questão de olhar os resultados em todas as edições da pesquisa e ficaram espantados com os resultados deste ano, muito felizes.
Eu acho que o ponto fundamental, olhando para o filme, é que conseguimos perceber desde muito cedo que um bom clima e ambiente de trabalho é uma vantagem competitiva. E isso está na pauta do negócio no mesmo nível de importância de atingimento de resultados, por exemplo. Não basta um gestor alcançar as metas e resultados, ele precisa ter bons indicadores na pesquisa de engajamento e clima de sua área, mostrando que está colhendo e plantando ao mesmo tempo. Nós somos mais tolerantes com resultados de metas do que com os resultados de clima. Isso é cuidado, respeito com as pessoas e já está na cultura da empresa.
CM: E esta preocupação é a mesma nas outras empresas, não é? México e Odontosystem também obtiveram ótimos resultados.
Rose Gabay: Pois é, o México por exemplo, uma empresa pequena, conseguimos dar o mesmo tom de alinhamento. Odontosystem foi também uma grande surpresa porque é uma empresa nova que já fazia coisas boas, mas como toda empresa nova, há a insegurança dos processos de aquisição que impactam no clima. E, no entanto, obtivemos resultados tão bons quanto. Uma coisa importante é a forma de fazer. Veja, não é só o que fazer, mas como fazer. Vamos deixar de ter problemas ou dificuldades? Não. Mas temos que dar as boas e más notícias com transparência, isso gera confiança. É a forma como estas coisas são feitas é que faz a diferença. O cuidado genuíno com pessoas prevalece sempre.
Veja aqui o artigo: Quer melhores resultados, Empoderar o RH é um bom começo.
Outra coisa muito importante: o mais bacana da pesquisa é termos os indicadores não só da satisfação, mas também do engajamento. E eu fico muito atenta ao engajamento porque ele é que dá a liga, o vínculo de longo prazo, é o que faz os colaboradores se sentirem donos da empresa.
Conseguimos perceber desde muito cedo que um bom clima e ambiente de trabalho é uma vantagem competitiva. E isso está na pauta do negócio no mesmo nível de importância de atingimento de resultados.
Leia o artigo: Vamos falar sério sobre engajamento?
CM: Quais outros pontos chave você destacaria no processo?
Rose Gabay: Comunicar, ser transparente, das as notícias. Isso para o bem e para o mal. E quando for notícia ruim, comunicar com a preocupação de não infantilizar o público.
CM: Pelo que estou percebendo, existe a preocupação grande e constante da alta administração e alta liderança com o tema, mas e os demais níveis de gestão? Como fazer para que a preocupação e envolvimento seja disseminada em toda a estrutura da empresa?
Rose Gabay: Nós temos uma proximidade muito grande com os gestores, a cada 3 meses o RH faz uma reunião com todos e eles são envolvidos em todos os temas da empresa. São 140 líderes e juntamos todos. Passamos as informações relevantes, falamos sobre os indicadores. Tudo o que acontece, os líderes são os primeiros a saber. Até porque acreditamos que eles precisam estar preparados para serem porta-voz para as equipes. Com isso, valorizamos a liderança, eles podem tirar dúvidas, trazer as dúvidas das equipes.
E se você me perguntar: os resultados da pesquisa estão na meta dos gestores? Não. Eles têm que melhorar o clima porque faz parte do job-description, é papel dele!
Outro ponto importante é a abertura dos resultados. Todos os gestores têm os resultados da pesquisa (respeitando o corte mínimo de respondentes para manter a confidencialidade) e isso ajuda nessa dinâmica de envolvimento, comprometimento. Eles mesmos ficam preocupados com os seus resultados, se cobram bastante, pedem ajuda. E se você me perguntar: os resultados da pesquisa estão na meta dos gestores? Não. Eles têm que melhorar o clima porque faz parte do job description, é papel dele!
CM: E o RH participa do processo de devolutivas, acompanhamento de ações?
Rose Gabay: Sim, o RH olha todos os resultados e acompanha todos os planos de ação por área. O que destoar da média é prioridade. E aí atuamos bastante de acordo com que a Carvalho e Mello recomenda para nós: recomendamos que estes gestores falem com as suas equipes, as BP´s ajudam esses gestores no entendimento dos resultados, fazem reuniões periódicas. Passamos o ano inteiro tratando o assunto. É pauta para o ano todo. Recomendamos fortemente que os gestores leiam os comentários deixados na pesquisa, pois eles têm um papel extremamente importante. Eu leio todos! Certa vez, pelos comentários percebi que a maior insatisfação estava nas questões de foco no cliente e agilidade. Para você ter uma ideia, na reunião de Diretoria levei a questão e isso virou workshop com a Diretoria e Alta Administração. Os comentários mostram o que está na ponta e que muitas vezes os gestores não estão vendo e isso é um outro grande benefício trazido pela pesquisa.
Você pode ter certeza de que viramos a pesquisa do avesso! Aproveitamos tudo!
Acreditamos que todo líder precisa estar preparado para ser porta-voz para as equipes. Com isso, valorizamos a liderança, eles podem tirar dúvidas e trazer as dúvidas das equipes para a alta administração.
CM: Percebo o papel importante também da visão e atuação estratégica da área de Recursos Humanos, estou certa?
Rose Gabay: Muito bom ouvir isso de você, porque é nossa preocupação realmente. Atuar de maneira estratégica. A melhoria contínua é mantra aqui na empresa. Essa construção é mérito de todas as áreas. Para se ter qualidade em tudo é preciso ter um time engajado e satisfeito, não é um fator isolado. É um ciclo virtuoso e se faz necessário ter um olhar estratégico para se criar um ambiente positivo. Temos vários indicadores de qualidade, e os indicadores de engajamento e clima são um pedaço de todo esse processo.
Ter percebido essa influência desde cedo foi importante: que as pessoas felizes e engajadas geram mais valor para o negócio. Se queremos ter clientes felizes, precisamos de colaboradores felizes. O clima é o ponto de partida.
CM: Parabéns pelos resultados e sucesso no desafio do próximo ciclo de ações!
Você pode assistir à gravação do webinário gravado: O QUE FAZER COMO OS RESULTADOS DE UMA PESQUISA DE ENGAJAMENTO E CLIMA? clicando AQUI.
Como garantir uma comunicação inclusiva nas pesquisas da sua empresa?
Depois que publicamos o artigo da Christiane Molina: Precisamos ajustar a maneira de ouvir os colaboradores, lá naqueles idos de março de 2020, num tempo em que alguns achavam que “já já voltaríamos ao que era antes”, vimos que aquela não era apenas uma recomendação para os “novos tempos” mas uma leitura explicativa do que é comunicação inclusiva.
Indo direto para uma definição, quando falamos de comunicação inclusiva estamos falando de comunicação pensando em todos, independentemente da pessoa ser mais visual do que auditiva, preferir e-mail a reuniões, ter PhD ou fundamental completo, com dificuldade auditiva ou visual. É a comunicação que se preocupa com o receptor, com a mensagem, com os meios e com o transmissor. Pensando assim, é a comunicação como ela deveria ser sempre, ou seja, a expressão “comunicação inclusiva” chega a ser uma redundância.
É a comunicação pensando em todos, independentemente da pessoa ser mais visual do que auditiva, preferir e-mail a reuniões, ter PhD ou fundamental completo.
E o que isso tem a ver com pesquisa e gestão de engajamento e clima organizacional?
Uma pesquisa é o ato de ouvir no maior nível de estruturação possível. Em resumo, o que se está fazendo é demonstrando que você quer saber realmente o que as pessoas de sua empresa têm a dizer sobre alguns assuntos e, portanto, você precisa enviar suas mensagens e fazer as perguntas de modo que todas as línguas faladas e ouvidas ali entendam, se sintam conectadas àquele questionário.
A premissa básica para alguém se conectar a algo é ele conhecer e confiar, e isso acontece quando existe transparência, clareza e abertura. Os benefícios que essa conexão traz são fantásticos, não só por aumentar a participação numa pesquisa, mas também por incrementar a confiança de que as respostas ficarão realmente guardadas pelo sigilo e confidencialidade adequados, e por aumentar a boa vontade para com as ações implementadas após a pesquisa.
Mas, comunicação inclusiva não dá em árvore! É o tipo de desafio que exige esforço, estudo e treino, coisas que talvez não habitem o corpo dos gestores ao mesmo tempo. Por conta disso criamos algumas dicas para auxiliá-lo na comunicação em todas as etapas, do pré pesquisa ao pós pesquisa.
A palavra que precisa estar na mete dos comunicadores é ACESSIBILIDADE. Pensando assim, você passa uma mensagem clara de empatia e respeito.
Veja AQUI um ótimo artigo da Harvard Business Review sobre acessibilidade: O que pessoas surdas podem ensinar sobre comunicação virtual.
Então vamos a umas DICAS GERAIS, que podem ser potencializadas pelo auxílio luxuoso do seu pessoal de marketing no grupo de trabalho. Se o “seu pessoal de marketing” for você mesmo, mãos à obra!
Para sua pesquisa ter mais engajamento e participação:
1. Crie uma marca, um nome para a sua pesquisa. Ela vai dar a mensagem da seriedade e caráter do projeto.
2. Envolva e obtenha o patrocínio da alta gestão da empresa. Eles devem falar da importância da pesquisa em todas as línguas da empresa.
3. Programe Palestras de Sensibilização de 20 minutos, numa linguagem visual e de fácil assimilação. Lembre-se de incluir no planejamento os colaboradores com deficiência visual e auditiva.
4. Afixe banners e cartazes para anunciar a pesquisa nas áreas de grande tráfego e faca uso de vídeos curtos explicando os principais pontos do processo. Veja um exemplo AQUI.
5. Insira o logo da pesquisa como imagem no fundo de tela dos computadores.
6. Coloque adesivos com a marca da pesquisa nos espelhos dos banheiros.
7. Dedique uma seção em seu boletim de notícias para promover a pesquisa.
8. Insira na agenda das reuniões de todos os gestores com suas equipes, um tópico com mensagens previamente formatadas sobre a importância da pesquisa.
9. Faça contagem regressiva para o início e para o final da pesquisa.
10. Inclua um lembrete de pesquisa em sua assinatura de e-mail.
11. Em todas as comunicações reforce o sigilo e a confidencialidade da pesquisa.
12. Garanta que os questionários sejam acessíveis a pessoas com deficiência visual ou crie grupos de pesquisa com aplicadores treinados para auxiliar esses colaboradores.
Para seu plano de ação ter mais adesão e eficácia.
13. Comunique o resultado da pesquisa para toda e empresa, de maneira formal e direta. Sem rodeios, mostrando pontos positivos e oportunidades de melhoria.
14. Apresente os próximos passos e como serão encaminhadas as ações.
15. Comece os planos de ação imediatamente, nada de esperar demais.
16. Envolva os executivos no patrocínio e comunicação.
17. Preste contas regularmente. Informe as ações planejadas e o que já está sendo implementado. Use e-mail, reuniões, cartazes e vídeos.
18. Comemore os sucessos!
Veja abaixo um infográfico com as recomendações gerais de comunicação de uma pesquisa de engajamento e clima.
Imagens de Hugo Jehanne e Designecologist by Unsplash
Pesquisa de clima: 6 dicas para fazer as perguntas certas
Todos os anos conduzimos mais de uma centena de pesquisas de clima e, a cada projeto iniciado, eu costumo perguntar aos clientes por que eles estão aplicando a pesquisa. A grande maioria me diz que a necessidade é ter um diagnóstico que aponte o que precisa ser melhorado. Ok, esse certamente já é um bom início de caminho.
Quando chegamos na etapa de construção ou de revisão do questionário da pesquisa de clima, invariavelmente, me deparo com perguntas propostas ou advindas de questionários já aplicados anteriormente. Neste momento eu me pergunto: será mesmo este o objetivo do cliente (o de entender o que precisa ser melhorado)?
Avalie comigo:
Este é um lugar psicológico e emocionalmente saudável para trabalhar.
Estou disposto a dar mais de mim para concluir um trabalho.
Estou satisfeito com o auxílio funeral oferecido pela empresa.
Estes são apenas alguns exemplos que gostaria de destacar. Se olharmos de perto cada uma destas perguntas, veremos que elas não têm absolutamente nada a ver com clima organizacional, que em nada favorecem ações posteriores à pesquisa de clima e muito menos impactam no negócio como um todo. Vamos analisar pergunta por pergunta:
“Este é um lugar psicológico e emocionalmente saudável para trabalhar”
Imagine que após a pesquisa, o resultado para esta pergunta foi baixo. Quais ações você implementaria? Eu, após tantos anos trabalhando com o tema, não saberia te responder. Sabemos que fazer a gestão do clima e engajamento cria ambientes mais saudáveis para se trabalhar. Mas termos esta pergunta em um questionário de pesquisa de clima não nos levará a resposta objetiva alguma, a nenhum diagnóstico, pois ela não está direcionada a nenhum aspecto objetivo para o qual podemos propor ações que de fato possam ser colocadas em prática.
“Estou disposto a dar mais de mim para concluir um trabalho”
Caro leitor ou leitora, diga-me a verdade, nada além da verdade: você responderia que não? Este é um outro tipo de pergunta que, além de não contribuir em nada no processo de gestão, traz um enorme viés de resultado para a sua pesquisa, por ser claramente uma autoavaliação. Mas você pode me questionar: a pergunta não pode evidenciar o grau de engajamento do colaborador? Até pode, já que colaboradores engajados manifestam esse tipo de comportamento. Mas, para se medir o grau de engajamento da sua equipe, existem perguntas mais apropriadas, sem conotação de autoavaliação e, principalmente, sem esse viés escandaloso nos resultados de sua pesquisa de engajamento e clima.
Outro exemplo de pergunta com conotação de autoavaliação: “Eu conheço a visão, missão e valores da empresa.” O aspecto gerenciável aí é a eficácia da comunicação de Visão, Missão e Valores da empresa, logo a questão deveria vir assim: “Sou devidamente informado sobre a missão, a visão e os valores da empresa.” Percebe a diferença?
“Estou satisfeito com o auxílio funeral oferecido pela empresa”
Juntamente com outras perguntas semelhantes, ela compõe o grupo de perguntas que nada têm a ver com clima e engajamento. Não existe NENHUMA evidência de que o auxílio funeral impacte na motivação e no engajamento dos colaboradores. Portanto, ainda que você obtenha um resultado baixo, trabalhar ações de melhoria do seu auxílio funeral muito provavelmente não tornará suas equipes mais engajadas. Tenho certeza de que existem diversos outros aspectos MUITO mais importantes que poderão estar no seu plano de ação e que, através de um bom modelo de gestão assertiva, trarão mais impactos no negócio de sua empresa.
Se quiser saber um pouco mais sobre a diferença de pesquisa de clima e pesquisa de engajamento, veja ESSE artigo.
Minhas 6 dicas para fazer boas perguntas em sua pesquisa de clima
Agora que apresentei alguns dos erros mais comuns ao se montar uma pesquisa de clima, quero passar uma pequena lista com cuidados importantes ao desenvolver um questionário para a sua empresa. Vamos às dicas!
- Evite perguntas que nada têm a ver com engajamento ou clima organizacional. Elas ocupam espaço, tiram a atenção e não trazem valor nenhum para a pesquisa de clima.
- Fuja das perguntas de autoavaliação. Elas normalmente trazem indicadores altos que escondem os reais problemas nos processos.
- Nada de perguntas muito longas, que dificultam a leitura e o entendimento. Neste tipo de pergunta invariavelmente existirão dois aspectos investigados e você não saberá com qual dado trabalhar no pós-pesquisa.
- Não copie questionários de rankings de revistas, que foram criados para … ranquear! Tais questionários costumam ter excesso de variáveis dependentes, aquelas que vão identificar nada além de um humor geral, em detrimento do engajamento e do clima. Crie o questionário baseado nos desafios de sua empresa e que investiguem temas realmente gerenciáveis dentro do seu negócio.
- Use uma linguagem clara e direta, tomando cuidado com os duplos negativos e confusões que podem ser criadas na cabeça de quem está respondendo.
- Peça ajuda, mas para as pessoas certas. Palpiteiros e pseudo-experts dão em penca por aí. Dentro ou fora de sua empresa você pode encontrar colegas capacitados a ajudar na construção de um instrumento de coleta eficaz.
Tratando-se de pesquisa de clima, temos ainda outros pontos que devem ser levantados, como as escalas, as âncoras de escala, a comunicação pré e pós pesquisa, etc., mas isso será tema de um próximo texto.
Caso tenha ficado alguma dúvida ou queira falar mais sobre o assunto, mande uma mensagem para nós. Será um prazer conversarmos!
Um abraço,
Christiane Molina
Fotos de Eunice Lituañas, Andre Mouton, Apostolos Vamvouras via Unsplash
Como envolver os colaboradores: os 10 mandamentos do engajamento
Imagine que você é o gestor de uma equipe que está pouco engajada no trabalho e que você precisa envolver os colaboradores para conseguir aquele “algo mais”, aquele esforço extra necessário para finalizar um projeto ou trabalho.
Antes de apresentarmos dicas que podem tirá-lo desse aperto, queremos ressaltar um alerta em especial, que serve para qualquer tipo de relacionamento: sempre tenha e demonstre um interesse genuíno pelo desenvolvimento dos que estão próximos à você.
Seja a equipe, a esposa, o marido, o colega, o amigo. Quando essa pessoa percebe que o que está sendo feito realmente colabora para seu próprio crescimento e desenvolvimento, uma relação de boa vontade se estabelece e as coisas caminham mais facilmente. Então essa é a nossa dica Nº Zero: esteja genuinamente interessado no desenvolvimento das pessoas à sua volta.
Para envolver os colaboradores, é preciso atenção
Atenção a eles, ouvindo-os, enxergando potencial, dando suporte, e também atenção a você, que deve dar o exemplo e investir em criar e fortalecer a conexão entre pessoa e empresa. Para isso, conte com esses quatro pilares: Significado, Pertencimento, Desenvolvimento e Autonomia, sobre os quais já falamos AQUI.
Neste caminho para envolver os colaboradores, contamos também com o que chamamos de os 10 mandamentos do engajamento. Vamos a eles?
Os 10 mandamentos do engajamento
- Ouvir com atenção
Demonstrar atenção sempre que alguém entra em contato e não fazer outra coisa enquanto conversa ou atende alguém da equipe é apenas um dos vetores de saber ouvir bem. Some a isso a criação de espaços para que as pessoas se manifestem nas reuniões, o hábito de chamar a equipe para se aconselhar em determinados assuntos e, claro, atitudes como envolver os colaboradores nas decisões.
Estas são práticas simples que, em conjunto com pesquisas quantitativas e qualitativas, criam um ambiente adequado ao engajamento e uma cultura de comunicação mais eficaz.
Dar a importância devida ao desenvolvimento e ao autodesenvolvimento
Muito mais que participar de um treinamento, desenvolvimento é sentir que está evoluindo. É ter a oportunidade de novos trabalhos, desafios e de crescimento profissional e pessoal, é perceber, no final do ano, que é uma pessoa mais qualificada, com maior empregabilidade. Desenvolvimento é poder participar de atividades desafiadoras, ter o status de quem conhece um assunto com profundidade, ser percebido como um profissional que construiu algo relevante para a empresa ou para a equipe que o cerca.
O autodesenvolvimento começa no momento em que o gestor para de tratar a equipe como crianças, passa a envolver os colaboradores, lhes dá autonomia, delega e exige crescimento e evolução nas entregas.
Ambos, desenvolvimento e autodesenvolvimento, devem ser prioridade do gestor ao motivar e engajar a equipe.
Ser um líder de verdade
Os gestores de equipe, principalmente os de primeira viagem (com pouco tempo na função) tendem a manter o mesmo tipo de relação de antes com seus colegas e relutam em exercer algum dos seus quatro papéis fundamentais: Inspirar, Desenvolver, Intervir e Dirigir. Para muitos, em especial para os mais imaturos no cargo, a direção e a intervenção são particularmente assustadores.
Um bom líder, no entanto, sabe que todos os quatro pilares são inerentes à cadeira que ele ocupa. Ele deve ter em mente que dirigir e intervir são, em muitos casos, justamente as atitudes que ensinam e que colaboram ativamente para o crescimento de um colaborador.
Fazer o onboarding corretamente
A experiência de entrar em um novo lugar para trabalhar precisa ser muito valorizada, não só porque a “primeira impressão é a que fica”, mas devido a uma queda natural da satisfação do colaborador com o passar do tempo. Por exemplo, quando segmentamos os resultados de uma pesquisa de engajamento e clima, já é esperada a diminuição de até 5 pontos percentuais na satisfação quando comparamos os “entrantes” (até 1 ano de casa) com os “seguintes” (entre 1 e 3 anos de casa).
O que isso significa? Que se você mantiver mais alta a satisfação do grupo dos entrantes, provavelmente conseguirá uma média maior, com o passar dos anos, nas variáveis de Clima e Engajamento mesmo no grupo dos “seguintes”.
Não olhar somente para os resultados
O gestor só continua gestor se conseguir entregar os resultados que a empresa espera dele. Porém, alguns se esquecem que gestão de pessoas também é um resultado (constante em quase todas as descrições de cargo de gestão) que impacta diretamente na produtividade, na lucratividade, no absenteísmo, na rotatividade e muito mais.
Gestores com uma visão míope dos resultados, que separam os dois processos e inventam lemas como “entregar resultados apesar das pessoas” pça e entender que, na verdade, “entrega-se resultados com as pessoas”.
Em resumo: demonstre para a sua equipe que, sob a sua gestão, pessoas e resultados são um único processo.
Não fugir do feedback
Falar da importância do feedback nos dias de hoje é chover no molhado. Todo mundo sabe, mas poucas empresas se dispõem a mudar para implementar a cultura do feedback. Mas, atenção: quando falamos de feedback não nos referimos à aplicativos bacanas onde se escreve recomendações ou dá-se um like no trabalho do outro. Falamos de relacionamentos construtivos maduros, baseados em conversas objetivas, que apontam caminhos quando se trata de um comportamento específico em uma situação específica.
O feedback é via de mão dupla, com quatro pilares: situação, comportamento, impacto e sugestão. Neste material explicamos exatamente como funcionam esses pilares.
Promover uma cultura do reconhecimento
O reconhecimento é o vetor de percepção do desenvolvimento. Se você exige mais, você tem que reconhecer mais, dentro das diversas nuances do reconhecimento, que deve sempre ser oportuno, relevante e sincero.
Existem níveis diferentes de reconhecimento. Esqueça aquela bobagem que você já deve ter ouvido, que diz que o que as pessoas querem é dinheiro no bolso. Sim, elas querem, mas querem muita mais coisas do que apenas isso. Veja os diferentes níveis de reconhecimento que você como gestor pode promover na sua equipe:
– A Valorização (da pessoa);
– O Reconhecimento (da circunstância);
– O Agradecimento (pelo esforço);
– A Recompensa (pelo resultado);
– O Prêmio (pelo destaque).
Para saber mais sobre os níveis de reconhecimento e sua importância, recomendamos um livro que todo líder de equipe deveria ler: Gary Chapman & Paul White: As cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho.
Envolver os colaboradores nas decisões
Faça com que as pessoas participem das decisões. Envolva, pergunte, questione e, principalmente, traga a equipe para a posição de atores, não de espectadores, do que acontece na área. É mais um daqueles processos que devem ser administrados dia e noite.
As pessoas tendem a dar mais valor e se sentirem muito mais satisfeitas com aquilo que construíram ou participaram da construção. É o chamado efeito IKEA, que parte da premissa de que quando uma pessoa exerce um papel importante ao construir um produto, ela tende a reconhecer um valor ainda maior neste mesmo produto quando ele se torna finalizado.
Não cair na tentação do microgerenciamento
O microgerenciamento é terrível para a um gestor, pois o priva de focar naquilo que é realmente importante e onde ele pode fazer a diferença. Os antídotos para esse veneno são a delegação (sua) e a autonomia (da equipe), mas infelizmente isso não acontece sem esforço.
Para enfrentar esse desafio, faça como manda o manual: separe o problema em partes menores e tenha em mente que delegar não é uma atividade binária, mas sim um processo a ser administrado e muito dependente do contexto. E não se engane! Nem todo mundo gosta de autonomia. Tem muita gente que prefere bater carimbo do que tomar decisões, portanto, contrate certo e desenvolva!
Entre o anarquia e o controle total – extremos que devemos evitar -, existem sete níveis de delegação por parte da liderança: dizer, vender, consultar, concordar, aconselhar, questionar, delegar. Neste artigo falamos melhor sobre cada um.
Não quebrar a confiança que depositam em você
A criação de laços de confiança entre duas pessoas, seja na empresa, em casa ou com amigos, sempre apresenta algumas características e processos comuns. Assim, gestores podem incrementar a confiança de seus subordinados evidenciando as seguintes atitudes:
- Mantenha-se aberto. Mantenha as pessoas informadas, deixe claro os critérios pelos quais as decisões são tomadas, seja sincero sobre os problemas e comunique todas as informações relevantes.
- Seja justo. Antes de tomar uma decisão, considere como os outros vão percebê-la em termos de justiça e objetividade.
- Exponha seus sentimentos. Não é para ser aquele chato que quer discutir a relação o tempo todo. Se gostou de algo, fale e demonstre com educação. Se não gostou, fale e demonstre com educação.
- Diga a verdade. Integridade é fundamental para a confiança. Logo, você deve ser visto como alguém que sempre diz a verdade.grande parte das pessoas preferem “ouvir aquilo que não querem” a descobrir que seu chefe mentiu para elas.
- Demonstre consistência. Quando não sabemos o que esperar de uma pessoa fica mais difícil construir uma relação de confiança. Para isto essa consistência, ter valores bem definidos é um bom começo.
- Cumpra suas promessas. Falou, está falado. Isso não significa que você não possa voltar atrás percebendo um erro, mas quando você junta “manter-se aberto”, “ser justo” e “demonstrar consistência”, manter suas promessas tende a ser mais fácil.
- Saiba guardar confidências. É muito mais fácil confiar em uma pessoa discreta do que em alguém que vive contando segredos dos outros. Deixar vazar informações é um veneno para a confiança.
- Demonstre competência. Ganhe a admiração e o respeito das pessoas mostrando, no dia a dia, suas habilidades técnicas e profissionais.
Como escrevi lá em cima, nenhum desses mandamentos para envolver os colaboradores é válido se não existir um interesse genuíno no crescimento das pessoas que trabalham com você.
Foco no essencial e bom trabalho!
Alvaro Mello
Fotos de Charles Deluvio, Max LaRochelle, Carlos Muza e Mimi Thian by Unsplash
Da pesquisa de clima organizacional à gestão do engajamento: confira entrevista com especialista na área

Christiane Molina, gerente de consultoria da Carvalho e Mello
Apresentamos neste post entrevista com Christiane Molina, gerente de consultoria da Carvalho e Mello. Especialista na área, ela apresenta os benefícios da aplicação regular de uma pesquisa de engajamento e explica os processos que devem acontecer após o levantamento. Segundo ela, a pesquisa deve ser seguida de um bom plano de ação. Ao final, você confere conselhos valiosos para quem deseja fazer do engajamento um assunto importante entre colaboradores, equipes e gestores na empresa.
P: Que benefícios uma empresa tem quando implementa uma pesquisa de engajamento?
R: A pesquisa de engajamento e clima é um diagnóstico preciso da saúde organizacional de uma empresa. É como se fosse uma tomografia que revela aspectos importantes em diversas camadas da saúde organizacional.
O grande benefício final da pesquisa de engajamento é você conseguir aliar o desempenho da empresa e a saúde das pessoas que trabalham nela, pois existe uma equação que une estas duas variáveis. A pesquisa vai explicar qual é a satisfação dos colaboradores com os processos do dia a dia, como está o prazer de trabalhar na empresa, a fidelidade e principalmente, o engajamento com a organização. Se essa é uma relação virtuosa, a empresa obtém como retorno a produtividade e a conexão de longo prazo. Se essa relação é viciosa, a queda de produtividade, aumento do absenteísmo, aumento da rotatividade e a desconexão.
P: Então a pesquisa é uma parte de um processo maior. É isso mesmo?
R: Sem dúvida. A pesquisa é só o começo. Eu posso fazer meus exames periódicos, pegar o resultado e colocar na gaveta e fazer outro exame daqui a um ano. Com certeza minha saúde vai estar pior. O que fazemos em uma pesquisa é identificar quais são os processos que devemos tratar, mudar, melhorar e investir para que se aumente a produtividade, a satisfação das pessoas, o senso de pertencimento, o senso de utilidade delas. A partir do momento em que se tem um diagnóstico é preciso trabalhar em um plano de ação efetivo, simples, pragmático e objetivo. Gestão de engajamento começa com pesquisa, passa pelo plano de ação organizacional, plano de ação das áreas, acompanhamento da efetividade das ações implementadas, ajustes de rota e começar tudo novamente. Só dessa maneira a curva de produtividade dessa empresa e a curva de engajamento dos colaboradores seguem atreladas a um mesmo processo de crescimento.
P: E qual a principal dificuldade na implementação de uma pesquisa de engajamento e clima?
R: Eu diria que a dificuldade não é só na implementação da pesquisa em si, mas em fazer com que o processo da GESTÃO DE ENGAJAMENTO aconteça de maneira organizada e transparente. Pois alguns pontos de atenção são fundamentais, como por exemplo:
– A garantia de que as respostas à pesquisa sejam tratadas de forma sigilosa.
– Ter um questionário que realmente traduza as necessidades da organização.
– Processar os resultados olhando não somente para um resultado geral, mas também segmentado, de modo a diagnosticar as oportunidades de melhorias específicas de cada área.
– Trazer análises estatísticas olhando para o que também é mais importante e o que se correlaciona mais como o vínculo do colaborador com a empresa. E muitas outras coisas.
Mais do que aplicar uma pesquisa, o objetivo é tornar eficiente o processo de gestão de engajamento e clima. Aqui está o mais difícil.

Engajamento: da aplicação da pesquisa de clima ao plano de ação e à gestão
P: A gente vê muitas pessoas falando de cultura organizacional. O que isso tem a ver com clima e com engajamento?
Quando a gente fala de cultura, estamos nos referindo à maneira como a gente faz as coisas, aos porquês de nossas ações e isso é fundamental para atrair as pessoas certas e dar o registro claro de como queremos que as coisas aconteçam. Em outras palavras, papel da cultura é essencial para o sucesso de uma organização pois, através dela, você alinha os comportamentos e clarifica valores.
E isso tem tudo a ver com engajamento, porque sabemos que indivíduos são mais propensos a adotar e assumir mudanças e desafios na empresa na medida em que enxergam que fazem parte de algo maior, que as coisas ali fazem sentido, são coerentes e veem no resultado final, uma parcela de seus próprios esforços. As pesquisas têm de investigar se o DNA da empresa está sendo replicado e percebido por gestores e equipes, para criar um desejo natural de participação das pessoas, tornando-se parte da solução, com um sentimento de pertencimento e orgulho, dando valor aos resultados e sendo agentes da
cultura no dia a dia.
P: Que conselhos você dá para uma empresa que vai implementar uma pesquisa de engajamento e clima?
Em primeiro lugar, obtenha o patrocínio da alta direção da empresa. É importante que a pesquisa seja aprovada por eles e que eles entendam realmente a importância desta ferramenta de gestão.
Garanta o sigilo e a confidencialidade. É fundamental que os respondentes tenham segurança e se sintam à vontade em responder sobre a empresa. Isso traz credibilidade para o processo. Use e abuse da comunicação. De todos os tipos. Comunique os objetivos da pesquisa, quando será realizada, o que será feito com os resultados. Comunique os resultados gerais da pesquisa após o seu término. Prepare os gestores para também comunicar os resultados para as
equipes.
Questionários longos são desesperadores. Curtos demais, ineficientes. Garimpe os aspectos deixando apenas o imprescindível de se saber, dentro de até 50 perguntas.
Planeje a forma de aplicação da pesquisa. Garanta que ela seja feita de maneira rápida (não mais do que 15 dias) mas de maneira segura.
Atenção ao processamento dos resultados. Esta etapa pode prejudicar seu cronograma, estender demais o processo, além de trazer problemas quanto à confidencialidade dos dados caso não seja tratada corretamente.
Comunique os resultados. É seu dever e um direito de quem respondeu à pesquisa. Sem contar que a devolutiva é por si só, uma ação de engajamento e pertencimento.
E tão importante quanto todos estes pontos acima: garanta que os gestores façam o dever de casa, ou seja, implementem mudanças alinhadas ao diagnóstico realizado. A pesquisa só terá validade se fizer a empresa agir, é para isso que ela foi feita.
Confira mais posts e ebooks sobre Engajamento e Clima Organizacional:
Ebook: Ideias de como envolver a equipe no planejamento e execução de estratégias
O trabalho remoto, a retomada e a qualidade das relações
Guia Carvalho e Mello para a escolha da pesquisa adequada ao momento da sua empresa
Se precisar de ajuda, estamos aqui:
São Paulo – SP
☏ (11) 3876-5282
☞ [email protected]
O trabalho remoto, a retomada e a qualidade das relações.
Bastou que Google, Facebook e companhia lá do Vale do Silício anunciarem que continuarão com o home-office pelo menos até 2021, para que alguns leitores de manchete dissessem que estava decretado o novo normal: 50% do pessoal trabalharia em casa enquanto a outra metade desafortunada, penaria indo para os escritórios. Será?
Duvido muito. E como me incomoda quando ouço ou leio a expressão “novo normal”, pois, apesar de achar que o que estamos fazendo hoje em termos de relacionamentos organizacionais não tem nada de normal, não havia parado para pensar mais seriamente sobre isso até ouvir o Francisco Madia falando do “velho anormal”. Em resumo: antes das medidas de distanciamento social, a maneira pela qual as pessoas estavam se relacionando nos emails, mensagens, zaps, calls e video-conferências não era adequada, e agora, só piorou, por isso a expressão “velho anormal”. Só que repetido mais intensamente, e com requintes de crueldade.
Com as mudanças que fomos forçados a nos impor nos últimos meses, tentamos nos tornar mais flexíveis na maneira de fazer as coisas, inovando para tentar ter resultados similares e, talvez aí esteja o problema. Uma pesquisa recente da Microsoft (veja aqui) quis trazer insumos para responder algumas perguntas que precisam ser respondidas:
- Como os as pessoas irão integrar – e separar – a vida profissional e pessoal acontecendo sob o mesmo teto?
- Serão capazes de manter os relacionamentos sem as conexões tipicamente construídas no relacionamento face a face?
- Conseguirão trabalhar colaborativamente de maneira diferente para concluir o trabalho com a mesma qualidade de antes?
- Como os gestores apoiarão e envolverão equipes totalmente remotas?
E o que descobriram, mergulhando numa infinidade de dados gerados por suas ferramentas de comunicação foi:
- As pessoas estão passando mais tempos em reuniões. (Aquilo que queríamos diminuir até o início de 2020)
- Existe uma maior área cinza entre trabalho e pessoal, criando novas expectativas e atritos a serem gerenciados.
- Os gestores têm que manter contato mais frequente com suas equipes, aumentando seu tempo online e à disposição da empresa.
- Existe um maior número de mensagens de trabalho nos horários de almoço, ampliando ainda mais aquela área cinza.
Mas como toda pesquisa, ela está focada nas hipóteses iniciais e a qualidade das relações não estava entre elas. Posso assim resumir os resultados do estudo: mais reuniões menores, menos reuniões maiores, mais contatos, mais mensagens, mais tempo disponível para a empresa, mais produtividade… e a qualidade das relações indo para o beleléu.
Onde ficaram aqueles contatos construídos no cafezinho, no almoço, os insights que apareciam naquela conversa informal nos corredores ou no papo sobre o Corinthians e Palmeiras de ontem? Acabaram as demonstrações de empatia com aquele olhar trocado durante uma reunião chata? Tudo isso ficou do outro lado da tela? Estes são ritos que moldam não só culturas, mas a QUALIDADE dos relacionamentos, e nos capacitam a perceber em uma conversa, por exemplo, quais perguntas não foram feitas para você e que mesmo assim mereceriam uma resposta. Isso é se relacionar com qualidade, com maturidade. Veja aqui e aqui dois artigos sobre maturidade nas empresas que abordam um pouco mais este assunto.
E ONDE FICA O PERTENCIMENTO?
Nossas pesquisas apontam que o pertencimento, que é um dos grandes drivers de engajamento e produtividade, (veja um artigo sobre isso aqui) teve um pico no início da pandemia, pois as empresas pesquisadas agiram rápido e as pessoas se sentiram respeitadas, mas com o tempo passando e a realidade do home-office se apresentando mais custosa, a conexão com a empresa da qual ele faz parte vai diminuindo, pois fisicamente a casa dele é a empresa e aquele tipo de relação que reforçava o pertencimento perde força e relevância. As maneiras encontradas para contornar isso, como as reuniões sociais virtuais, como cafezinho virtual, happy-hour virtual e outras coisas do tipo só reforçaram a baixa qualidade das relações e não formam vínculos fortes e maduros o suficiente.
Uma das conclusões do estudo da Microsoft é:
“Sabemos que o futuro será cada vez mais digital, flexível e compatível com o trabalho remoto. E à medida que as organizações em todo o mundo retornam ao escritório, medir os padrões de trabalho em relação à linha de base e acompanhar como as pessoas se adaptam será essencial”.
Devemos realmente seguir a recomendação de que o trabalho em casa é uma realidade que precisa ser continuamente pesquisada estudada, pois o simples fato das pessoas se adaptarem a alguma coisa não quer dizer que ela é boa. A gente se adapta a um monte de coisas ruins e isso não quer dizer que nos fazem crescer ou que são boas para a empresa.
Continuemos a ouvir e conversar (de verdade) com nossas equipes, criando relacionamentos construtivos. Pode não ser NOVO, mas esse é o NORMAL!
Grande abraço!
Alvaro Mello
Imagem: Shridhar Gupta via Unsplash
A AUTONOMIA versus o microgerenciamento
O microgerenciamento é um copo de veneno que está na mesa de todos nós gestores, do qual, de vez em quando, tomamos um prazeroso gole, que nos faz sentir importantes, imprescindíveis e amados.
Em outras palavras, é uma droga!
Os antídotos são a delegação (sua) e a autonomia (da equipe). Não é fácil se desvencilhar daquilo nos dá prazer, você vai precisar de método e consistência. Veja a seguir algumas dicas, usando a abordagem direta do Management 3.0 / Happy Melly para conseguir delegar mais e melhor. Veja abaixo:

Infográfico_autonomia
O que queremos mostrar aqui é que o processo fala alto quando se quer mudar comportamento. A repetição, a estrutura e os ritos ajudam a moldar novas atitudes, mas, garanto que nada disso acontece se não houver relações minimamente maduras entre gestor e equipe. Vale ainda se atentar à parte do infográfico que diz:
“Mas não se engane! Nem todo mundo gosta de autonomia. Tem muita gente que prefere bater carimbo do que tomar decisões, portanto, contrate certo e desenvolva!”
Você pode ler um pouco mais sobre maturidade nas empresas nestes dois “posts”.
A empresa onde você trabalha é adulta?
Empresas, Adultos, Crianças e Brinquedos – como perceber a maturidade de gestores e equipes
Se quiser falar um pouco sobre Autonomia e como ela impacta o ENGAJAMENTO, fale com a gente. Vai ser um prazer!
Um abraço.
Alvaro Mello
[email protected]
www.carvalhoemello.com.br
FOTO BY NASA VIA UNPLASH
Engajamento na vida real: um CASE rápido de uma grande empresa do varejo.
Sim. Clima organizacional, engajamento e desempenho estão intrinsecamente relacionados.
Você já deve ter lido (e eu já escrito) uma série de artigos falando sobre a relação entre clima organizacional, engajamento e desempenho. Já deve ter lido também que:
“Sem dados você é apenas mais uma pessoa com uma opinião.” (W. Edwards Deming).
Então, que tal irmos aos dados?
Vou apresentar abaixo algumas informações extraídas do Relatório CM Analytics que geramos antes do distanciamento social, em uma grande rede varejista com mais de 10 mil colaboradores que é nossa cliente de pesquisa e gestão de engajamento e clima.
Vamos lá:
1. Desempenho e Engajamento
Percentual de colaboradores classificados como ALTO ENGAJAMENTO (que nomeamos de Primes) de acordo com o Resultado do Ciclo de Avaliação Anual.
O grupo dos colaboradores que tiveram na avaliação de desempenho classificações de Muito Satisfatório e Satisfatório (notas 4 e 3) é composto por 88% de PRIMES, isto é, pessoas com alto engajamento, aqueles que têm orgulho, recomendam, não trocam e estão muito satisfeitos com a empresa. Já o grupo com menor avaliação possui apenas 12% de colaboradores PRIME.
Gente engajada tem melhor desempenho ou gente com melhor desempenho é mais engajada? O que sabemos é que são variáveis relacionadas.
2. Relação entre Engajamento e Pontuação na Universidade Digital
Observamos que quanto maior o grau de Fidelidade, maior a pontuação média na Universidade Digital da empresa. Isto é, os mais engajados estudam mais.
Não estamos indicando uma relação de causa e efeito, mas evidenciando uma correlação sensível entre estas duas variáveis.
Leia AQUI o artigo sobre envolver os colaboradores no planejamento e execução da estratégia.
3. Relação entre Engajamento e Faltas Injustificadas
Podemos ver que quanto maior o grau de engajamento, menor o número médio de faltas injustificadas do segmento.
Isto é, os engajados faltam menos.
4. PESQUISA DE SATISFAÇÃO DO CLIENTE das lojas
Resultado médio da Pesquisa de Satisfação do cliente das lojas apresentada pela distribuição em quartis da favorabilidade (clima organizacional).
Podemos identificar que as lojas dentro do grupo dos 25% com melhor clima possuem maior nota média na pesquisa da satisfação do cliente das lojas. Ou Seja melhor clima, clientes mais satisfeitos!
5. RESULTADO ACUMULADO DE VENDAS
Resultado acumulado de vendas das lojas face aos resultados de clima organizacional.
As lojas dentro do grupo dos 25% com melhor clima organizacional possuem maior média de resultado acumulado de vendas.
Em resumo: sim, Clima organizacional, engajamento e desempenho estão intrinsecamente relacionados.
Gente engajada e satisfeita, desempenha melhor, estuda mais, atende melhor o cliente, vende mais e falta menos. Para o varejo, isso é música! Simples assim.
Clique aqui e conheça mais a Pesquisa de Engajamento, Clima e People Analytics da Carvalho e Mello. Nós fazemos isso parecer simples.
Grande abraço!
Alvaro Mello
Vamos falar sério sobre engajamento?
Ou… Tudo que você queria saber sobre engajamento e não tinha para quem perguntar!
Alguns avisos gerais antes de você entrar de vez na leitura.
Estamos nos referindo aqui a pessoas. Não estamos falando daquele povo que aparece feliz e saltitante nas imagens de equipes em blogs, estamos falando de gente real, que às vezes levanta de mau-humor e mesmo assim vai para a empresa e entrega além do que foi contratado. Aquela imagem idílica é uma farsa que nos acostumaram a idealizar através de bancos de imagens e textos ocos das redes sociais.
Também não estamos escrevendo sobre “millennials”, “Geração Y” ou coisas do tipo. Veja este artigo onde falamos um pouco disso. Estamos falando de gente. Ponto. Gente que largaria o trabalho se ganhasse na Mega-Sena, provando que todo aquele “significado” que tentam dar para o trabalho pode ir embora por conta do dinheiro ou de outros sonhos. Veja aqui um outro artigo sobre isso.
Existem hoje na internet mais de 250 softwares ou aplicativos de engajamento, pesquisas pulso, gestão de onboarding, de colaboração ou mensagens no local de trabalho. Se está assim, ouso dizer que é por conta de estarmos perdendo nossa capacidade de nos relacionar de maneira minimamente saudável com nossos colegas de empresa. Faz muito tempo que o trabalho perdeu o significado para as pessoas e por mais que as empresas e alguns “gurus” tentem falar que estamos na era do propósito, o que eles estão fazendo é tentar ligar algum propósito à vida de pessoas que não os tem, ou têm o do dia, o da moda, o do momento. E isso não traz engajamento de longo prazo e muito menos os benefícios do engajamento. Falar de propósito nas empresas é tema de uma outra conversa que teremos outro dia.
E sendo nosso assunto o engajamento, coletei algumas perguntas sobre o tema e vamos tentar responde-las neste texto.
Por que engajamento e o que é isso?
Uma analogia de início: em inglês o termo é engagement, o mesmo usado para designar o noivado, aquela etapa do relacionamento que vem depois do crush, do ficar, do namorar e antes do casar. É quando se está decidido e disposto a construir algo grande juntos! O que acontece (deveria acontecer) ali é um compromisso emocional forte e real entre duas pessoas e daí vem uma primeira consequência: para o engajamento existir é necessários o esforço dos dois lados.
Então podemos definir engajamento aqui em nosso contexto como:
“A conexão emocional com uma organização que faz o colaborador ser naturalmente produtivo e contributivo, pensando em construir seu futuro ali e tendendo a não mudar de empresa mesmo tendo oportunidades”.
Então perceba que o engajado é alguém que luta e se esforça para que as coisas deem certo.
O que não é engajamento?
Algumas confusões são feitas quanto estas outras dimensões de um relacionamento entram na equação, então, de uma maneira prática:
Satisfação.
É o sentimento de ter suas expectativas atendidas ou superadas. É o que, em última análise, se mede em uma pesquisa de clima organizacional, a satisfação do colaborador com os diversos processos em que está imerso. Ela é fundamental para reter pessoas, mas nem sempre suficiente para garantir a produtividade, sendo mais um componente na construção do engajamento.
Bem-estar.
Na verdade bem-estar nem deveria estar aqui, mas como já vi empresas usando a expressão “pesquisa de bem-estar” para se referir a uma pesquisa de engajamento e clima, sou obrigado a colocar aqui. É a sensação de segurança, conforto, tranquilidade. Algo mais espiritual até. Quando olhamos para o ambiente de uma empresa, onde falamos o tempo todo de tirar as pessoas da zona de conforto e desafia-las vemos porque não faz sentido esta expressão.
Felicidade
Aqui é mais fácil. É a satisfação plena, mais o bem-estar e muito obviamente está ligada ao TODO da vida e não a alguma área da vida. Ser “feliz” no trabalho está mais ligado a ter amigos e colegas com o quais se relaciona bem, dá risadas e pode falar o que sente e não necessariamente trabalhar duro, entregar mais e ser produtivo.
Pesquisa de clima é pesquisa de engajamento? E o inverso?
A pesquisa de CLIMA mede a percepção da satisfação do empregado quanto aos diversos processos do dia a dia da empresa. É a sua satisfação com os processos relevantes para ele.
Já a pesquisa de ENGAJAMENTO mede o vínculo formado entre empregado e empresa, que o faz ser naturalmente produtivo e contributivo, não mudando de empresa mesmo tendo oportunidades.
O que cria engajamento em uma empresa de teleatendimento é o mesmo processo que cria engajamento num instituto de pesquisas em telecomunicações? É o mesmo numa empresa de consultoria cheia de profissionais juniores e numa outra cheia de consultores seniores? A resposta óbvia e comprovada pelas nossas pesquisas é: NÃO!
Como consequência disso, para você fazer um pesquisa de ENGAJAMENTO de verdade, você precisa ter os dois lados da equação: as questões de CLIMA, aquelas que medem a satisfação com os processos e as questões de ENGAJAMENTO, as que evidenciam conexão, pois só assim você pode identificar através de análises estatísticas, quais os aspectos mais impactantes na formação de vínculos para a SUA EMPRESA, pois você não gerencia o engajamento de maneira direta, só indireta.
O nome correto para este tipo de pesquisa é: Pesquisa de Engajamento e Clima Organizacional. Com ela você tem as duas medidas: Clima (pois satisfação com os processos está relacionada com aumento de produtividade e lucratividade) e Engajamento (pois aumento do vínculo torna as pessoas menos críticas aos erros da empresa e mais propensas a permanecer contribuindo e remando junto).
Concluindo: você não deve pensar em Engajamento ou Clima, mas sim em Engajamento “E” Clima.
O que o engajamento provoca?
Não se faz gestão de engajamento à toa, só para sair bem na foto, pois seus impactos no negócio vão muito além de manter a boa imagem da empresa nas redes sociais.
A gestão de engajamento:
Aumenta a produtividade,
Diminui o absenteísmo,
Melhora a satisfação do cliente final,
Aumenta a segurança do trabalho,
Diminui o turnover,
Aumenta a reputação da empresa no mercado,
Atrai os melhores talentos,
Aumenta a lucratividade,
Aumenta o valor de mercado da empresa.
Como se mede o engajamento?
Aqui acontece grande parte da confusão neste tema, pois se não se sabe o que se vai pesquisar, não se sabe como medir e muito menos o que significa o que se pesquisou.
Já falamos aqui que o engajamento é algo percebido, sentido e vivido pelo indivíduo e, portanto, não dá para ser medido diretamente, mas podemos medir seus “sintomas” e efeitos. Existem diversas maneiras de fazer isso, mas aqui vou abordar a metodologia que desenvolvemos e adotamos na Carvalho e Mello. Utilizando nossa base de dados com mais de 2 milhões de respondentes e mais de 100 milhões de observações de clima, engajamento e desempenho, identificamos correlações entre as diversas variáveis e criamos um questionário com dois grupos de questões:
(Questões de engajamento) um conjunto de variáveis dependentes que vão identificar os sintomas e os efeitos do engajamento. (que não podem ser gerenciadas diretamente, como o orgulho por exemplo. Você não consegue criar em uma pessoa o orgulho de pertencer a uma empresa, algumas coisas têm de acontecer para que o orgulho comece a ser sentido e vivenciado)
(Questões de clima ou de processos) um conjunto de variáveis independentes (que podem ser gerenciadas diretamente. A disponibilidade de atividades de desenvolvimento profissional por exemplo, pode ser avaliada diretamente pelo colaborador e gerenciada diretamente pela empresa e tem impacto direto na formação de vínculos e consequentemente de engajamento)
Onde o engajamento acontece?
O ninho do engajamento é a área, o setor, a equipe do colaborador e a mãe é a imagem, a reputação da empresa. Existe um equilíbrio de forças concorrentes para sua formação, mas inegavelmente o engajamento não se sustenta no tempo só com um desses vetores. Gestores e colegas tóxicos desengajam na mesma proporção que escândalos e abalos na imagem interna e externa da empresa.
O que cria o engajamento?
Viramos do avesso aquele enorme banco de dados que mencionei acima, fizemos análises, regressões, correlações e agrupamos os aspectos que mais são responsáveis pela criação do engajamento e chegamos a quatro dimensões principais:
AUTONOMIA
Liberdade para contribuir, flexibilidade fazer o que tem de ser feito de um jeito mais pessoal, possibilidade de fazer escolhas, decidir a respeito de como o trabalho deve ser feito, ser envolvido e ter a opinião tida como válida nas decisões.
DESENVOLVIMENTO
Oportunidade de novos trabalho e desafios, oportunidade de crescimento profissional e pessoal, perceber que ao final do ano de trabalho ele é uma pessoa mais qualificada, com maior empregabilidade.
SIGNIFICADO
Perceber que o que faz na empresa tem a ver com o que pensa a respeito da vida. A missão da empresa realmente está relacionada com seus valores. O que ele faz lá realmente é útil, não só para a empresa mas para a comunidade em que ela está inserida.
PERTENCIMENTO
Sentir que pertence àquele lugar pelos relacionamentos formados com as pessoas de sua equipe incluindo seu líder imediato, bem como um vínculo intangível criado com a imagem corporativa, com a marca e o que ela representa para ele, sua família e a sociedade em que ele vive.
Como gerenciar o engajamento?
Vamos lembrar a resposta lá na questão “Onde o engajamento acontece”. São duas grandes forças ambientes trabalhando: a área, fortemente impactada pelas atitudes e posturas do gestor e a imagem da empresa, muito impactada pela sua reputação no mercado e atitudes do grupo executivo. Sendo assim, o gerenciamento sempre terá que contar com ações locais e organizacionais ao mesmo tempo. Fazer só uma parte do trabalho é contar com a sorte.
A principal atividade de gestão de engajamento é criar a cultura do engajamento sobre a qual falaremos adiante.
É possível criar uma cultura de engajamento?
Sim, claro! Criar cultura é 50% propósito, 50% processo. A cultura pode ser definida como o conjunto de crenças que são evidenciadas pelos ritos, hábitos, valores e atitudes compartilhados pelas pessoas de uma empresa. De baixo para cima, se as pessoas estão compartilhando atitudes, valores e hábitos que engajam, aí se está criando uma cultura de engajamento. De cima para baixo, precisa existir uma vontade beirando o propósito, que cobrará dos gestores e dos processos coerência no engajamento. A criação dessa cultura passa então pela vontade e pelos processos.
Que processos podem ser criados para reforçar a cultura do engajamento?
Quando você repete algo com a mesma intensidade e frequência, você está criando um padrão, está criando consistência e isso é a semente da cultura. Construir um “manual do gestor de equipes” indicando claramente como ele deve agir nas situações padrão, não só vai nivelar a resposta dos gestores, como também criar um padrão de resposta a ser seguido naquelas situações que não foram ali apontadas.
Então, antes de levar alguém à condição de gestor de equipes, entregue para ele um manual e treine-o em como construir confiança, como recrutar bem, como conduzir uma reunião, como reconhecer um bom trabalho, como envolver a equipe em um projeto, com planejar as atividades do dia a dia, como integrar novos membros à equipe, como dar feedback, como reconhecer e elogiar um bom trabalho, como lidar com colaboradores refratários e um monte de outras situações. Dê o padrão de o QUÊ ele deve fazer e COMO ele deve fazer. Isso vai fazer com que ele crie uma agenda positiva de engajamento.
Como fazer com que os gestores tenham o engajamento na sua agenda?
Para responder a esta questão, vamos aqui separar os gestores em 3 tipos.
Os Engajadores. São aqueles que possuem naturalmente o dom (não gosto muito dessa palavra, mas vou utiliza-la) de fazer sua equipe se conectar à empresa, contribuir mais, dando-lhes autonomia, o senso de pertencer a algo maior, dando oportunidade de desenvolvimento e dando um sentido ao trabalho que a equipe realiza. Pelas nossas pesquisas, esse grupo não passa de 10% dos gestores nas boas empresas.
Um outro grupo podemos chamar de Replicador ou “Fala-como-é-para-fazer-que-eu-faço”. Eles não têm o “dom natural” para a coisa, mas estão abertos e têm bagagem para serem treinados e repetirem ações e processos que incrementam o engajamento. Aqui temos aproximadamente 70% dos líderes nas boas empresas, aquelas que conseguem atrair os melhores e têm sistemas de recrutamento mais maduros.
E tem o líder Desengajador. É aquele que mesmo seguindo uma cartilha explicando o que fazer, consegue colocar tudo a perder nas pequenas coisas do dia a dia, pois o que importa no final é o COMO as coisas são feitas. Eles não conseguem manter uma relação de confiança com a equipe, seja por um gap na abertura, na percepção de injustiça, na quebra de promessas e outras posturas pouco louváveis. Aí vemos que um veneno para o engajamento é falta de confiança. Seja no gestor, nos colegas ou no futuro da empresa, pois engajamento é visão de futuro, confiança no futuro.
Essa história do COMO as coisas são feitas pode ser exemplificada numa ação de engajamento corriqueira, como um cartão de aniversário de tempo de empresa. O gestor pode seguir o indicado no manual e colocar um bilhete na mesa do colaborador onde está escrito:
“Parabéns pelos 10 anos de empresa. Espero de que venham outros dez! Um abraço. Fulano”
Ou pode escrever:
“Hoje faz dez anos que trabalhamos juntos. Você me ensinou a respeitar as opiniões diferentes da minha, a apoiar projetos por conta da confiança que depositava nas pessoas que os conduziam, comemoramos muitos sucessos e rimos de alguns fracassos e agradeço por você ter feito não só a mim, mas à maioria de seus colegas, profissionais melhores. Obrigado! Fulano.
Creio que não preciso explicar a diferença de resultado entre eles. Foco no COMO fazer. Seja claro, não tenha medo de explicar tudo, pois existe uma clara tendência das pessoas de superestimarem a visibilidade de suas emoções e é comum gestores assumirem que sua equipe percebe como se sente a respeito deles. Este exemplo foi tirado de um ótimo pequeno artigo a HBR.
Para os gestores dos dois primeiros grupos (Engajador e Replicador), criar um repertório de ações de engajamento é um ótimo caminho, comprovadamente eficaz e fundamental para a percolação da cultura pela estrutura da empresa. Já para o terceiro grupo, são necessárias ações de desenvolvimento e intervenção do RH e da liderança acima ou o desligamento, pois um gestor com esse perfil tem um potencial tremendo de estrago.
Veja o exemplo de um calendário do engajamento que pode ser seguido por qualquer gestor neste link.
E se fosse fazer um resumo de uma cultura de engajamento, qual seria?
Resumos são cruéis, pois normalmente mostram muito, mas escondem o essencial. Então falo do essencial agora: Genuíno interesse e Confiança.
Mas vamos ao resumo:
1) Recrute bem. Escolha as pessoas que tem a ver com a cultura da empresa, pessoas que se sintam bem tendo que tomar decisões, não chiem se ficarem desconfortáveis e que gostem de desafios. (Ok, sei que não existem muitos por aí, mas procure!) Recrute gestores que sabem lidar com gente e engajar pessoas.
2) Faça da integração ou onboarding uma experiência memorável. Planeje seis meses de atividades que trarão uma experiência cativante para o colaborador, e você não precisa de softwares para isso. Precisa de cultura!.
3) Exercite o feedback sempre. É papel do gestor e dos membros da equipe também. Crie a cultura do feedback que é uma sub-cultura do engajamento. Veja uma ideia de como fazer isso AQUI.
4) Delegue. A autonomia só vai existir se o gestor delegar e isso pode ser feito com processo e um pouquinho de boa vontade. .
5) Acelere. Exigir um pouco mais do que foi entregue antes é condição para a existência de desafios que abrem a cabeça e os corações para as conquistas.
6) Reconheça. Se você exige mais, você tem que reconhecer mais, nas diversas nuances do reconhecimento, que tem sempre que ser oportuno, relevante e sincero:
A Valorização (da pessoa);
O Reconhecimento (da circunstância);
O Agradecimento (pelo esforço);
A Recompensa (pelo resultado);
O Prêmio (pelo destaque).
Isso é treino e processo, logo, dá para ser implementado sem muitas dores. A cultura do reconhecimento também é uma sub-cultura do engajamento.
7) Crie o manual do gestor. Fundamental para espalhar e replicar a semente da cultura de engajamento.
8) Pesquise e faça medições na frequência adequada. Não pesquise demais pois gente é gente, logo se aborrece e se chateia com facilidade se você fica lhe perguntando toda hora: como está seu engajamento?Você gosta de mim? Está tudo bem? Estou me comunicando direito? Isso é um porre e só traz excesso de trabalho para os gestores, baixa taxa de respostas por fadiga de pesquisa e a realidade pautada pelos insatisfeitos, pois só eles se prestam a responder pesquisa toda semana. Não fique pesquisando semanalmente! Uma pesquisa âncora por ano e mais uma pesquisa termômetro, intervalada no semestre é suficiente. Você faz exame de sangue toda semana só se estiver com alguma doença crônica e grave. Caso contrário o exame periódico anual está ótimo!
Tem mais perguntas? Manda pra gente que vamos tentar responder!!
Um grande abraço!