Caro leitor e cara leitora, antes de mais nada, é preciso lembrar que estamos em 2020, mais de 100 anos do início das preocupações das empresas com as pessoas, tempos idos onde o RH era responsável apenas por tarefas burocráticas relacionadas ao quadro de funcionários da empresa. Estou mencionando isso porque, acreditem, ainda encontramos empresas e profissionais que não se convenceram de um rol enorme de mudanças imperativas para sua sobrevivência. E empoderar o RH é uma etapa importante dessa mudança.
No cenário atual, o as áreas de gente, gestão e recursos humanos assumiram um papel estratégico dentro das organizações e passaram a ser considerados fundamentais para o sucesso de qualquer negócio. As empresas que entendem isso:
- Têm colaboradores bem preparados e com muitas habilidades;
- Se beneficiam de um desenvolvimento estratégico para um plano de sucessão de liderança;
- Conseguem atrair os melhores talentos do mercado;
- Se tornam uma marca empregadora forte, sendo um destaque diante da concorrência;
- Melhoram o seu clima organizacional;
- Aumentam os índices de engajamento dos colaboradores;
- Têm menores índices de turnover;
- Têm produtividade elevada.
Em outras palavras, o objetivo básico da atuação do RH estratégico é o de garantir o crescimento do negócio através da otimização da Gestão de Pessoas, desenvolvendo um planejamento que motiva a equipe, que eleva a produtividade, retém talentos e acompanha os resultados de todas as estratégias.
Mas claro que, para isto acontecer, é importante que o RH seja empoderado, com competências específicas e uma boa dose de autonomia. Neste artigo, meu objetivo é apresentar algumas competências e comportamentos necessários para que isso aconteça:
VISÃO ESTRATÉGICA
O bom profissional de Recursos Humanos precisa enxergar além do óbvio. Por atuar em uma área estratégica, é preciso observar o todo e os detalhes de qualquer situação, pois uma informação que ninguém percebeu pode ser a chave para melhorar os resultados da empresa. Por exemplo: se uma equipe está produzindo abaixo do esperado, como agir? É preciso colher dados sobre o desempenho diário dos profissionais e observar suas falhas e acertos, mas qual diagnóstico usar? Como analisar esses dados? Só assim será possível montar um plano de ação ou um programa de treinamentos que capacite esses colaboradores e aumente a sua produtividade.
Outra situação que requer visão estratégica é a contratação de novos talentos. Quando o RH observa apenas o currículo e as habilidades técnicas, corre o risco de trazer para a empresa alguém com muita experiência, mas que não tenha as competências comportamentais necessárias para a cultura da organização.
INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Por lidar com gestão de pessoas, o RH é uma área que enfrenta diversos tipos de problemas todos os dias. Podem ocorrer adversidades em processos de recrutamento, avaliação de funcionários ou crises de relacionamento entre chefes e subordinados, entre outros exemplos. Portanto, ter inteligência emocional e persistência para superar cada um desses obstáculos é fundamental.
GERENCIAMENTO DE RISCOS
É importante que o RH saiba gerenciar riscos entendendo que as pessoas são uma fonte de risco (colaboradores que faltam, outros que fazem um trabalho desleixado, que se recusam a assumir responsabilidades adicionais, por exemplo) e que os colaboradores são importantes no tratamento de riscos (profissionais podem usar sua engenhosidade para resolver problemas inesperados, um funcionário-chave pode redesenhar seu próprio trabalho para evitar atrasos desnecessários, ou um colaborador pode convencer um amigo talentoso a se candidatar a um cargo no negócio, e por aí vai).
Um RH que consegue assumir estes dois papéis tem total condição de apoiar os gestores da empresa e ajudá-los a encontrar saídas rápidas para eventuais problemas.
FLEXIBILIDADE E CRIATIVIDADE
Eu poderia falar sobre estas 2 competências em separado mas vale unificá-las: imaginar diferentes caminhos para resolver os problemas que surgem na empresa, inovar para propor soluções, criar oportunidades e ousar fazer diferente.
Quero aqui chamar a atenção para algo muito importante para um profissional de RH realmente estratégico e que, na minha opinião, é o que mais o mercado carece: OUSE fazer diferente. CORAGEM! Se desafie a todo momento para ser um RH diferente, que propõe soluções mais inteligentes e vai além do mesmo, do que já é padrão, do simples. Saia da sua zona de conforto, arrisque-se nas propostas, nos projetos, nas decisões, nas ferramentas, contrate melhor, deixe o conformismo de lado. Pode não ser (e não é) uma tarefa fácil, mas ser estratégico não é fácil mesmo.
Grande abraço,
Christiane Molina
Imagem de Thomas Kelley via Unsplash